top of page

Aqui a gente corre mais.

Foto do escritor: fijobxdfijobxd

lua entre torres no amanhecer
"Correria". Foto: Fijó / BXD IN CENA.

Pensar em identidade(s) baixadense(s) nos faz pensar não só em como o baixadense é visto por quem é de fora, mas também como a população da Baixada se enxerga inserida (ou não) na sociedade. Afinal, se alguém não se sente pertencente a um grupo social, seja ele qual for, logicamente esta pessoa coloca-se – inconscientemente e longe de qualquer acusação de alienação – num lugar onde as pautas que deveriam estar sendo debatidas e as que estão sendo debatidas não a competem. Essa falta de consciência da relevância de certas pautas geram uma lacuna onde a discussão que interessa não alcança, enquanto a discussão fútil chega rápido como uma bala.


Diante disso, vale ressaltar o quanto somos empurrados para o esquecimento diário de quem somos, a começar pelas escassas oportunidades de emprego/trabalho que nos forçam a logo no início do dia sairmos de nosso território natal em busca – literalmente – de sobrevivência. Lutamos pelo nosso pão de cada dia fora de nosso território, é óbvio que não iremos entender que essa subsistência pertence a nós.


Vamos pensar um bocado: não entendemos que nosso território é nosso lugar; e mesmo com a plena consciência de que estamos nos deslocando para conseguir nosso sustento, nosso local de trabalho também não é nosso lugar. Qual é o nosso lugar, então? Isso reforça a sensação de cansaço extremo, uma vez que estamos sempre em movimento, nunca descansando, nunca aproveitando nem os lugares nem as pessoas ao nosso redor, sempre em busca de algo. Sempre na correria por algo.

anoitecer na serra
Foto: Fijó / BXD IN CENA.

Talvez por isso o cansaço inevitável quando não alcançamos os objetivos ou cumprimos com expectativas que nós mesmos criamos. Se somos demitidos, é por causa da Baixada; se é difícil deslocar-se até a pessoa amada, é porque a Baixada é longe; se não conseguirmos sair para outras regiões – para desfrutar do que já existe aqui porém sem a mesma repercussão e prestígio – é porque a Baixada é longe demais para aproveitarmos atrações e eventos que outras regiões do Rio de Janeiro oferecem. Parece que, fora da cidade do Rio e dos centros urbanos, o Rio de Janeiro (estado) não acontece.


Precisamos encontrar em nosso território baixadense o nosso lar. O nosso abrigo. Nossa diversão. Chega de sairmos para outras regiões do estado do Rio de Janeiro para “aproveitarmos” o que já tem aqui. Existem movimentos acontecendo que retiram de nosso território o rótulo de “cidade dormitório” ou “concessionária do crime”, e passam a nos identificar como um povo trabalhador, esforçado, criativo e revolucionário.


A Baixada é nossa casa. Ajamos como tal.

entardecer na baixada
"Cheguei". Foto: Fijó / BXD IN CENA

33 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

コメント


rodape bxd in cena
  • Instagram
  • Twitter
  • Youtube
  • TikTok
bottom of page