Espaço BiC – Ficar é Força
- Jéz bxd
- 31 de mai.
- 2 min de leitura
Espaço BiC afirma a potência de permanecer na Baixada Fluminense.

Na Baixada Fluminense, existe uma regra não escrita que ecoa há gerações desde que me entendo por gente: pra dar certo, é preciso sair daqui.
Esse mantra silencioso molda sonhos, desvia trajetórias e enfraquece raízes.
Nos vendem a ideia de que o sucesso está longe, de que é preciso atravessar pontes e subir morros pra sermos vistos, ouvidos, reconhecidos.
Mas nos últimos tempos, algo tem mudado.
No compasso dos beats, nas rodas de conversa, nas mãos que constroem coletivamente... o Espaço BiC tem feito o caminho inverso.
Aqui, em São João de Meriti, em Coelho da Rocha, a gente não precisa atravessar a ponte pra ser ouvido.
É no chão da Baixada que a gente monta palco, inventa cena, compartilha saber.
Enquanto o centro exige performance, aqui a gente exige verdade.
Enquanto o mercado cobra presença nos “grandes palcos”, a gente oferece permanência nos nossos próprios territórios.
É sobre olhar pro lado e perceber: você não precisa ir pra Madureira pra curtir um charme nós temos charme aqui também.
E não, não é errado ir pra Madureira.
Mas é libertador entender que nosso território também oferece tudo, sem que a gente precise sair dele.
A Baixada é lugar de ficar.
De viver.
De criar.
Precisamos parar de enxergar nosso território como ponto de partida e começar a reconhecê-lo como ponto de chegada.
É daqui que se parte, mas é aqui que se permanece com sentido.
O Espaço BiC tem sido esse convite.
Um lugar onde artistas, produtores e públicos permanecem e com isso, fortalecem.
Um lugar que faz gente atravessar bairros, cidades e até estados pra descobrir o que a Baixada tem pra oferecer.
É quase como entrar num portal chamado "mundinho BXD".
Mas permanência, aqui, não é glamour ao abandono.
Sabemos da falta de estrutura, da ausência de políticas públicas, da escassez de espaços contínuos.
Ainda assim, a gente constrói.
Com afeto, com som, com corpo e com vontade.
A gente tira do que não tem, pra fazer ter.
Faz cultura na marra, na raça, na roda, no grito pra provar que aqui também é cultura.
Fazer esse caminho inverso é também um ato de coragem.
É se reconhecer nesse emaranhado de vivências que pulsam na Baixada.
É decidir ficar.
E ao ficar, celebrar os nossos artistas, os nossos espaços, os nossos troféus, as nossas playlists, nosso turismo, nossa gastronomia.
Permanecer, nesse chão, é revolucionário.
Ficar é força.
