“Deixa a vida me levar, vida leva eu”

Com certeza você já ouviu na voz de Zeca Pagodinho alguma composição de Serginho Meriti e a mais memorável é: Deixa vida me levar, música da copa de 2002, ano inclusive que fomos pentacampeões, música ganhadora do Grammy Latino em 2003.
Serginho Meriti (Sérgio Roberto Serafim), nascido em Madureira e criado em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, carrega Meriti em seu nome e sempre conta o quanto já era difícil ser músico na baixada. Por exemplo, por mais que tivesse um violão, se uma corda arrebentasse tinha que ir até Madureira somente pra comprar cordas novas.
Em 1976, Serginho Meriti gravou o seu primeiro disco – “Olé do Partido Alto Samba”. O primeiro parceiro em composições foi Carlinhos PQD. Em seguida, conheceu um dos seus grandes parceiros da vida: Bebeto. O cantor paulistano gravou 36 músicas de Meriti. Também foi gravado pelo conjunto Copa 7, no auge dos bailes da periferia.
Essa parceria foi muito importante para Serginho, fazendo com que no álbum seguinte de Bebeto em 1981 intitulado de Batalha Maravilhosa, álbum de doze faixas o compositor assinasse pelo menos onze. Inclusive, sua primeira composição de destaque foi para Bebeto, com Neguinho Poeta, em 1980.
Roberto Menescal, um dos fundadores do movimento Bossa Nova contratou o artista para seus três primeiros discos lançados pela gravadora Polygram (atualmente Universal Music) o primeiro “Bons Momentos” (1981), seguido por “Vida tão bela menina” (1982) e por “Bem Natural” (1984).
Gravado por grandes nomes como Mauro Diniz, Zeca Pagodinho, Jovelina Pérola Negra, Fundo de Quintal, Martinho da Vila, Beth Carvalho, Arlindo Cruz, Neguinho da Beija Flor, Alcione, Mussum, Bezerra da Silva, Elza Soares, Maria Rita, Mart’nália, Diogo Nogueira, Xande de Pilares e Maria Bethânia, Serginho consolidou sua brilhante carreira de compositor.
Serginho Meriti conhece Zeca Pagodinho

Zeca Pagodinho costumava fazer o “Bate Bola do Zeca”, onde acontecia o encontro de músicos, compositores e amigos, geralmente acontecendo em Xerém, Duque de Caxias. Num desses encontros, Serginho, junto a seu amigo Bira da Vila, também compositor baixadense, apresentaram uma canção pra Zeca, que prontamente soube que a partir dali Serginho seria um grande parceiro em suas músicas.
A música “Deixa a vida me levar” quase não entrou no disco, pois Serginho já teria apresentado uma outra canção pra Zeca num outro momento e o mesmo já tinha aprovado essa outra canção, até que seu amigo Claudinho Guimarães lembrou que ele tinha essa música e pediu para apresentar para o Zeca. Assim, Serginho começou a cantar:
“Eu já passei por quase tudo nessa vida /
Em matéria de guarida espero a minha vez. /
Confesso que sou de origem pobre, mas meu coração é nobre /
Foi assim que Deus me fez”.
E sim, essa música foi a mais importante de sua carreira, mas como Serginho Meriti já disse uma vez: “A música principal ou a mais importante sempre será aquela que ainda vou escrever. ”
Nos anos de 2020 e 2021, impossibilitado de fazer shows, em decorrência da pandemia, dedicou-se intensamente ao trabalho de composição, produzindo mais de 100 novas obras.
Quando eu conheci Meriti

Eu sou colecionador de discos e meu primeiro contato com Serginho Meriti foi num desses garimpos da vida feito exclusivamente numa feira livre na Baixada. Lembro de encontrar seu segundo vinil gravado “Vida Tão Bela Menina” - disco esse que nem no Spotify tem e que guardo com muito carinho.
Nasci em Duque de Caxias, porém fui criado toda a minha vida em São João de Meriti. Ter um disco que o nome do artista leva o nome de minha cidade me faz ter mais orgulho de ser baixadense, legitimando todos que vieram antes de mim e confirmando que Baixada é Samba, Baixada é Soul, Baixada é Jazz, Baixada é Rock, Baixada é Baixada.
E nesse contexto de conhecer Meriti, levo minha vida por aqui, afinal de contas:
“E aos trancos e barrancos lá vou eu, sou feliz e agradeço por tudo que Deus me deu. ”
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